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Buquê de noiva

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Crônica


Medos

“Ando devagar por que já tive pressa, e levo esse sorriso por que já chorei demais”
(Almir Sater e Renato Teixeira)

Existe um dito popular que diz “a coragem é a arte de esconder o medo". Desde o nascimento os seres humanos têm que vencer seus medos diuturnamente. Quando criança temos medo de bicho papão, do lobo mau, das bruxas más. Quando adultos, medo de não nos darmos bem na vida, de não sermos felizes, de perdermos o emprego, morrer em acidente, perder um ente querido, enfim, medo de viver. E viver realmente é um perigo. Comigo não foi e não é diferente, mas se eu cresci pessoalmente, profissionalmente, foi graças aos meus medos. Tinha medo (pânico) dos militares, mas tinha que enfrentá-los, medo dos patrões no sindicato, mas tinha que peitá-los, medo que alguém roubasse meu lugar no emprego, e tinha que garanti-lo. E, foi escondendo meus medos, disfarçando-os, que cheguei até aqui, aos 58 anos, e um novo medo começa a tomar conta de mim, o medo da solidão. E eu mais uma vez tenho que ser artista e escondê-lo. Minhas filhas começam a traçar os caminhos delas (cheias de medo também). O que me conforta é saber que o medo é inerente ao bicho homem e sem ele a humanidade já estaria extinta, pois só ele nos dá o sentido da sobrevivência.

Antonio Santiago

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