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Buquê de noiva

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Sétima arte

Ganhei um presente por esses dias que me fez relembrar uma época em que a música brasileira era pródiga em talentos. Um amigo me presenteou com o documentário "Ninguém sabe o duro que dei". No final dos anos 60, em plena ditadura militar, um negro de origem humilde conseguiu notoriedade disputando com os grandes nomes da MPB. Também dividiu o domínio com a Jovem Guarda, liderada por Roberto Carlos, naquelas tardes de domingo. No auge da fama, atribuíram-lhe um episódio que até hoje não ficou muito claro e que o documentário tenta esclarecer.
Wilson Simonal foi sem dúvida alguma o maior show man que os palcos brasileiros já tiveram. Cantou com a grande do jazz, a imortal Sara Vaughan e tinha trânsito livre com a seleção brasileira de futebol, a ponto de acompanhá-la ao México na conquista do tricampeonato.
Nunca se engajou na luta política, ao contrário da maioria dos colegas, e isso lhe custou caro. Caiu em desgraça. Foi acusado de dedo-duro, e morreu com essa fama. Amigos íntimos dizem que tudo foi um mal-entendido. Contam que foi tudo fruto de sua fanfarronice, pois gostava de se vangloriar, talvez por ter sido espezinhado quando era pobre e desconhecido.
O fato é que somente depois de sua morte, pessoas que o conheceram, que conviveram com ele, resolveram fazer um documentário para resgatar o que ele significou para a música no Brasil. É este documentário, feito pelo “Casseta”, Claudio Manoel, com depoimentos de familiares e gente ligada ao meio artístico como Mielle, Chico Anysio, Nelson Motta, Jaguar, Ziraldo, Pelé, que recomendo. O documentário é imperdível por dois motivos: para quem não o conheceu é uma chance para fazê-lo agora e para quem teve a honra de conhecê-lo como eu, é uma oportunidade de revê-lo e matar a saudade de um tempo inesquecível.

Antonio Santiago

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