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Buquê de noiva

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Ingratidão

Por Sebastião José Palmeira
 

A ingratidão é a ausência do reconhecimento humano. Nada dói mais do que a ingratidão.
Conta-nos à história bíblica que Jesus curou dez leprosos e apenas um voltou para agradecer. O mestre, olhando-o perguntou-lhe:
Não foram dez os que curei? Onde estão os outros? Tendo o agraciado respondido: senhor eles se foram.
Como se vê, até Jesus sentiu a ingratidão humana. Há pessoas que só se lembram de pedir, jamais de agradecer. Acham que tudo podem, tudo merecem e depois se esquecem. Seguem indiferentes como os leprosos ingratos.
Certa feita li que há pessoas que guardam no inconsciente uma espécie de revolta contra aqueles que as ajudaram. A tese causa espécie, mas para os que leram “Palavras Cínicas”, há um pouco de verdade nessa afirmação. Existem pessoas que não admitem terem sido ajudadas. Chegam ao topo da gloria e da fama e se pudessem queimariam a frágil e
pequenina escada que um dia lhes serviu de degrau. Tornam-se vaidosas, arrogantes, prepotentes e oniscientes. Sabem tudo, podem tudo.
O ingrato sempre escolhe alguém que esteja acima dele e que possa ajudá-lo a crescer ainda mais, mesmo que para isso tenha que se submeter as mais deploráveis situações e vexames. Tem memória fraca, esquece rápido, quer subir, mesmo que para isso tenha que descer.
Augusto dos Anjos, poeta paraibano, diz em versos:
 

“Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.”


A ingratidão e a traição andam juntas, são companheiras inseparáveis. Jesus perdoou a adultera, a prostituta e o bom ladrão, mas, não perdoou o traidor.
No mundo atual, onde os valores éticos, morais e políticos, estão cada vez mais desvirtuados, disse Alfonso Milagro que, três coisas devemos ser: puros, justos e honrados. E três coisas devemos desprezar: a crueldade, a arrogância e a ingratidão.
Aos ingratos, eis minha catarse.


* Sebastião José Palmeira é Advogado Criminalista, Procurador de Estado, Especialista em Direito Penal, Professor de Criminologia e Diretor-Geral da SEUNE.

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