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Buquê de noiva

terça-feira, 21 de março de 2017

Italianada com molho

Por Rolando Boldrin *

E a italianada da minha terra? Meu avô contava que lá foi reduto dos verdadeiros donos da macarronada, dos quais, com muito orgulho, faço parte. Meu avô era o Mário Boldrin, natural de Pádua, bem pertinho de Veneza. Lá tem Boldrin como praga, é como Silva aqui.
O causo que quero contar, verídico, é do Domingo Russo, um daqueles italianos que se vê pouco por aí. Dizem que a Zuzu, que era a mulher dele, e que era brasileira, aos domingos preparava uma bela macarronada, bem avermelhada de molho de tomate, com o macarrão Petibom (olha o merchandising).
O pacote antigo de Petibom era comprido, acho que beirava meio metro cada fio de macarrão. Pois bem, a Zuzu preparava bem preparadinho numa bacia grande, pois o velho comia muito. E fazia também um bom pão italiano, também comprido.
E aí que vem o tal causo. Ele usava sempre aquelas camisetas sem mangas, ficando o sovaco à mostra. Muito bem, o dito-cujo pegava um filão inteiro de pão, colocava bem ali, debaixo do braço peludo. Aí puxava uma bacia grande pra debaixo do queixo, cheia de macarrão. Enfiava o garfo no meio, enrolava bem enrolado, fazendo um bom chumaço, e chupava com toda a força aquele macarrão gostoso, cheio de molho. Com essa puxada violenta, era só molho esparramado pela cara, pela mesa, pelo chão… E sabe o que Domingo fazia com isso? Tirava um naco do pão que estava debaixo do braço, limpava a testa, cheia de molho, e depois, satisfeito, se fartava de pão. Eita, italianada!

*Rolando Boldrin é ator, escritor, apresentador e compositor e esta crônica foi publicada na revista Almanaque Brasil em novembro de 2010

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